Três sacos - Uma vida!
Ninguém dormiu esta noite…
Berros! Discussão, atrás de discussão.
Prédio em alvoroço, ninguém dormia, tal a algazarra!
Por fim, quase seis horas da manhã, chegou o silêncio.
Escadas abaixo, dois pares de tacões ecoaram.
Duas meninas com três sacos de viagem na mão saíram do prédio.
- Trazes tudo? Não deixas nada para trás? Questionou a amiga.
Entraram no veículo de uma delas. Partiram.
Como tinha vindo, meses antes, assim partiu, abandonando a casa do companheiro.
Esta imagem da partida e o breve monólogo ficou-me na cabeça, suscitando-me várias questões.
Não pretendo imiscuir-me em factos e vivências que me são alheios.
Mas esta nova maneira (moderna?) de viver e encarar a vida familiar, neste cada vez mais banal, casa – descasa; junta – separa; dos casais modernos, intriga-me e deixa-me na cabeça apenas uma pergunta:
Resumir-se-á a vida de cada um de nós, a três simples sacos de viagem?
