28 setembro 2005

Luís Monteiro da Cunha

Aqueles olhos...



Olho-te, de relance,
Não reparo e sigo.
Levo o pensamento turbo
Mil ideias me assaltam,
Quanta azáfama por vencer,
Quanto dia ainda para correr!
Horas, minutos, segundos,
Correm indefinidos.
Não para o mundo!
Não se compadece
De meu labor,
Corre célere
Do amanhecer ao sol-pôr.


De novo te cruzas
Em meu caminho,
Quase noite, agora reparo,
Abrando e paro.
Nesta rua, sozinhos,
Olhas-me nos olhos
Não há vivalma!
E se há, já não os vimos
Quedamos mudos.


O mundo desapareceu,
Nada mais existe,
Só tu e eu.
Nada dizes...
Nada falo.
Muda contemplação,
Parecias uma visão!
Senti um baque
No coração!
Aumentou a pulsação
Reacendeu-se a paixão.

Mas, apesar de tudo,

Compreendo-te.
Esses olhos de gata,
Verdes e cristalinos!
Sim, tão diferentes
Os nossos destinos!
Vejo-te na nossa infância,
Brincamos, como brincam

Os namorados,
Ainda meninos,
Dezenas de beijos
Trocados,
Furtados,
(Com permissão),
Pois sabia que era meu
O teu pequeno coração.


Eu era teu,

Tu eras minha,
Amante, Amor, Rainha.
O destino assim quis,
Cruzássemos,
Nesta esquina.

Sem falar,
Apenas nos olhamos.
Com os olhos marejados,

Tocas-me com um dedo,
No rosto,
Limpas o caminho
Molhado,
Da gota escorrida
Destes olhos apagados,
A que deste vida.
Desejei-te como nunca,
Amor, esperança perdida!

Com um sorriso nos lábios,
De mansinho te foste,
Desenlaçando nossos dedos,
De mão no ar fiquei...
Vendo-te ir, (novamente)
Petrificado, chorei
E ali permaneci,
Por largos momentos,
Saboreando, nostálgico,
Doces pensamentos!

Espero que sejas feliz.
Sei, agora, ainda me amas,

................ Seremos

Eternamente apaixonados!
Despedida dolorosa esta...
O destino assim o quis,

Eu...
Tentarei ser feliz.


© Luís Monteiro 2005


lmc

8 Comentários:

Às 28/9/05 21:54 , Anonymous Anónimo disse...

Um poema que lentamente e ao longo da leitura que fazemos nos leva até à despedida.
A música de fundo é agradavel.
Beijinhos.

 
Às 28/9/05 23:14 , Blogger V disse...

Bufagato,
lindo!

Beijinho

 
Às 29/9/05 19:40 , Blogger gato_escaldado disse...

e como resistir a uma gata com tais olhos?. gostei o poema. bom ritmo. abraços

 
Às 29/9/05 23:26 , Anonymous Anónimo disse...

O eterno amor por resolver; são estes os que deixam verdadeiramente a sua marca de nostalgia. E num dia qualquer, hoje ou daqui a muitos anos, num dia de chuva, a sentir uma música, a ler um poema, lá volta ele, esse amor do passado eternamente presente. Este é um poema triste, doce e meigo, mas triste. P.S. - Os olhos parecem os da minha gata Francisca. Lindos!

 
Às 30/9/05 03:32 , Blogger "Sonhos Sonhados" e "Os Filmes da Minha Vida!" disse...

Bufagato

...ler estas palavras,
ao som
de uma delicada e harmoniosa balada...
é um previlégio!
gostei muito.

beijux létinha.

 
Às 30/9/05 13:45 , Blogger Luís Monteiro da Cunha disse...

Agradecido por tão amáveis comentários...

Vocês mimam-me demais, são os responsáveis, por me fazerem ficar assim, por de vez em quando me apetecer escrevinhar assim...


Não lhes chamo versos, porque não sou poeta, chamo-lhes estados de alma melancólica.

Obrigado!

Bom fim de semana

Abraços e Bjinhos

 
Às 7/10/05 19:51 , Blogger almadepoeta disse...

Desculpa a ausência forçada. Aproveito este poema que é lindissimo para deixar o meu comentário. Lê-lo fez-me reviver um sentimento muito íntimo que julguei esquecido.
Esta partilha de sentimentos, estes pontos convergentes, fazem com que o sentido da poesia alcance o objectivo,a transmissão de sentimentos. Parabéns pelo poema, obrigada pela partilha...deixo um beijo.

 
Às 8/10/05 00:52 , Blogger Luís Monteiro da Cunha disse...

alma de poeta...

Como sabe, valorizo muito a sua opinião.
gostava de saber se está bem construido, disseram-me que os poemas obedecem a uma métrica e outros quesitos que não entendo, onde me poderei informar e como?
Poderá dizer-me?

Agradecido, pela força.
Bjinho

 

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