29 maio 2007

Luís Monteiro da Cunha

Se olhares


foto: lmc/2007




lágrimas cintilantes
nascem dos olhos
dos poetas
[crianças - livres]
como oceanos
acordassem cada peito
numa brisa
de palavras alvas
e mansas
e se quedassem
eternas
reflexivas
imanentes

Luís Monteiro da Cunha
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23 maio 2007

Luís Monteiro da Cunha

Antologia Poética Amante das Leituras


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Lançamento do livro


“Antologia Poética Amante das Leituras”

No próximo dia 2 de Junho, pelas 15:30h, terá lugar no salão nobre da Junta de Freguesia de S. Mamede Infesta (R. Silva Brinco - S. Mamede Infesta) a apresentação pública do livro “Antologia Poética Amante das Leituras” com poemas de 18 autores seleccionados pela editora Ediumeditores.
A apresentação da antologia estará a cargo do Dr. Joaquim Fernando Fonseca.
Durante o evento será lida poesia pelos declamadores Hélder Magalhães, Lídia Afonso e Joana Resende.
O evento será abrilhantado com a música do Carlos Andrade e a participação do grupo de bailado Balletrix.

Entrada Livre!


Como fácilmente adivinhais, este humilde autor faz parte dos seleccionados desta nobre antologia.

Portanto, conto com a presença de todos quantos possam assistir ao lançamento, e quiçá tornar ainda mais feliz este vosso amigo, dando-vos a conhecer.


Abraço-vos

Luís Monteiro da Cunha



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17 maio 2007

Luís Monteiro da Cunha

Anacrónico dos sentidos

foto: © Lmc/2007




Anacrónico dos sentidos
© Luís Monteiro da Cunha


Experimenta fabricar um dia de ausências:
nem som ou visão. Um dia: puro,
sem a mácula de ruído, de imagens.

Procura o isolamento profundo.
Lentamente,
inexoravelmente, és invadido por leve torpor
que docemente embriaga o plexo,
extraindo-se do nexo casual
e o vazio.
Uma acre sensação de abandono;
de perda; de ausência;
o fel do corpo sobe à garganta,
sentes a matéria a desfazer-se,
ínfima, retalhada,
a voar, milhares de estrelas brilhantes, e
tu vogas, perdido da matéria, do som, do olhar,
como se o peso do conhecido te contraísse o peito,
que sofre avassalador
a implosão da razão. uma dor lenta,
infantil, acomete os teus olhos
uma vontade dos seios e sorriso mater.

Regride ao ventre que te gerou, e choras,
e espantas-te, e renegas,
e queres socar o universo que gravita serenamente na poeira cósmica de quanto o teu consciente consegue tomar como conhecimento.
Do que sentes e vês sem ver.
Apenas sentes imagens
que fulgurantes, perfuram os sentidos meteóricos.

És acometido pelo impulso
primário de perda
do in-conhecimento humano.

A nova sensação é voraz e dolorosa.

Resiste, resiste!
Não bulas, nem te atrevas a retesar um só músculo.
Aceita-te como te vês, assim és.
Acolhe o esgar dos lábios que extrais do teu ser,
como a força que mantém a imobilidade.
inerte o gesto e o corpo, que vibra louco,
negando-se por desanexação do real/irreal.

Agora, encontras-te encontrado,
acolhe a tua nova, sempre presente, fragilidade.
Devora o medo, lento, que te invade.
de imediato se esvai o escuro claro que se faz.
a luz da utopia é a concepção de ideias generalizadas.
o eco que apenas adivinhas nos farrapos de imagens
que trespassam libidinosamente a fragilidade da coragem.

Começas por reconhecer o ínfimo sentimento de paz que te absorve, anulando inúteis temores, inúteis gritos, inútil reconhecimento.
Abandona-te nos braços da teia microscópica
que embala a sensação de finidade inútil.
Reconhece, sem que te reconheças, o vazio da existência magma onde flutuas.
Sabes agora que a dor – do que conheces como vida – é a dor vazia
inexpressiva de conteúdo, supérfluo viver/sofrer, ignota ignorância do desnecessário preciso.

Apenas após conhecer o silêncio, a in-visão,
quando escutas – inundado - o troar forte
e cadenciado da máquina universal, conseguirás escutar,
ver e compreender, os maravilhosos ínfimos sons,
que te envolvem, penetram e sustêm a matéria.

Saberás então, que o mundo és tu, - etéreo -
vive em ti e de ti, engrenagem fundamental
da anacrónica função que resiste, apesar
de cronologicamente, seres um ser,
esquecido, que persiste no gesto do suicídio.





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08 maio 2007

Luís Monteiro da Cunha

Díspar

Toma, uma flor

foto: © Lmc/2007





Cada bala disparada
devia ser ensinada:
dar a volta ao planeta
a girar como cometa
até achar o prevaricador
da paz universal

Cravar-se-lhe no peito
como medalha
infame da dor
(preceito do mal)
que pretendia
infligir a outrém.

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06 maio 2007

Luís Monteiro da Cunha

Dia da Mãe

Foto: © lmc2007





Recorda porque és
Mãe.


Se sou a extensão
De teus sonhos

Desculpa-me
a imperfeição,
e
a surdez
do meu coração.



Feliz dia da Mãe para todos

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02 maio 2007

Luís Monteiro da Cunha

Entre as bátegas do vulcão


Foto: © Lmc2007





Uma saudade, dorida, de mar
Uma vontade atroz, de maresia

As margens sempre tão lúcidas
nas vagas loucas de sedução

Não existia colorido – tudo
era verde e cinza – o mar;
o céu; as gaivotas, o vento;
– este mundo que foge –
fugia-me, a perder de vista

A multidão que não existia
e tão só, entre as bátegas
o som, adormecido do vulcão,
acorda estranhos e ausentes
riachos, risos contemplativos


Luís Monteiro da Cunha


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