03 agosto 2005

Luís Monteiro da Cunha

ESTOU DE LUTO

Hoje, levantei-me como quase sempre pelas 05H30, para ir trabalhar.
Acordei bem disposto e confiante para enfrentar mais um dia de calor.
A manhã correu bem, o serviço não foi nada de excepcional e depressa chegou o almoço.
Depois do repasto, sabe bem um café, e lá fomos, ficamos na esplanada onde corria uma brisa que ajudava a suportar a canícula.
No meio da conversa de circunstância, reparo num aviso de falecimento com a respectiva fotografia do extinto.
Não consegui identificar á primeira, dada a distância, mas aquela cara não me era estranha.
Acerquei-me do vidro e para meu espanto e consternação, fico por este meio a saber que o meu grande amigo João Paradinha, havia falecido a semana passada e aquele aviso era o agradecimento da familia a anunciar a data e local da missa de sétimo dia.
"Sétimo dia??? Falecimento???"
Era impossível, não queria acreditar!
Voltei das férias á três dias, frequentei os locais do costume e ninguém me avisou, ninguém me disse nada!!!
De imediato questionei os presentes recriminando-os por essa enorme falta, responderam-me que pensavam que eu já sabia e evitavam conversas sobre o falecido porque a dor da sua falta persiste ainda no seu quotidiano e não queriam recordar a partida tão repentina de um Homem na flor da idade apenas com 51 anos.
Foi acometido de um ataque cardíaco. Apesar de ter sido assistido no local por uma equipa do INEM e levado para o hospital...
Compreendi e aceitei resignado.
Resta-me a recordação do Homem... as horas que passamos juntos, entre tabuleiros de damas disputadas renhidamente, sempre com uma plateia expectante para ver quem vencia o Paradinha o que era muito difícil, porque ele "é" o melhor.
Tive o privilégio de aprender muito com ele, como Homem na sua postura perante a vida e os amigos e como jogador, descobria sempre uma tática que nos encostava ao tabuleiro.
E as discussões (sempre correctas) sobre o futebol e o seu benfiquismo assumido? Era das poucas pessoas com quem se podia discutir futebol sabendo dar o braço a torcer quando era preciso e não se diminuindo por isso.
Podiamos discutir pontos de vista antagónicos sobre futebol ou qualquer assunto, dado que era uma pessoa com uma sabedoria imensa, tolerante mas intransigente nos pontos essenciais da vida.

Á familia enlutada, os meus sentidos pêsames...
Adeus Paradinha, até sempre!!!

Sinto-me roubado, vilipendiado, não encontro adjectivo que expresse o que sinto.
A minha fortuna esvai-se lentamente, os meus amigos são a minha pequena fortuna e eu cada vez mais pobre...

5 Comentários:

Às 4/8/05 12:03 , Anonymous Anónimo disse...

Lamento muito a sua perda.. no entanto é um pouco estranho porque ninguém soube avisar-te.. porque é sempre estarmos presentes no último adeus...

 
Às 4/8/05 14:30 , Blogger ponto azul disse...

Lamento..é sempre muito triste perder um amigo...ficam as boas lembranças, disso tenho certeza!Bjs :-)

 
Às 5/8/05 23:37 , Blogger Luís Monteiro da Cunha disse...

Agradeço as palavras prestimosas que me endereçaram, mas sou apenas uma gota neste vasto oceano, que vê outras gotas evaporarem-se, possivelmente para voltarem depois do ciclo, quem sabe...
Obrigado

 
Às 13/8/05 16:53 , Blogger S disse...

"Ver" partir um amigo é sempre mau... Não "ver" ainda é pior!
51 anos, uma pessoa nova ainda.
Sei o que isso é, infelizmente.
Osmeus pêsames, sentidos!
S.

 
Às 13/8/05 17:56 , Blogger Luís Monteiro da Cunha disse...

Sofes...
Obrigado.

 

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