06 dezembro 2005

Luís Monteiro da Cunha

A Decisão... (14)


.../...
A Dr.ª Isabel estava suspensa das palavras de Ana. Olhava-a e analisava cada palavra proferida, cada gesto e interjeição.
Forçava-se mentalmente, para que o seu rosto não denotasse qualquer emoção enquanto a ouvia. Fazia a típica cara de pau a que estava habituada nos negócios.
Quando Ana se levantou, pressentiu a sua retirada. Levantou-se também e escutou assim as últimas palavras. Quando esta se preparava para alcançar a porta, deu uma pequena corrida e interceptou-a, agarrando-lhe um braço.
Esta, surpreendida, parou e olhou fixamente nos olhos da Dr.ª que de imediato a abraçou, envolvendo-a.
- Tens razão... acalma-te... – Disse ao ouvido – Perdoa-me! Preciso falar-te algo mais.
Ana acalmou-se, deixando-se abraçar e matutando nas palavras proferidas pela Dr.ª, estava outra vez surpreendida.
- Vá... anda, senta-te novamente. - Pediu a Dr.ª Isabel.
- Dr.ª... eu não sei que mais temos para conversar...
- Senta-te por favor e escuta-me. – Enquanto rodeava novamente a secretária e se acomodava. Ana anuiu e sentou-se também.
- Sabes filha... a tua resposta... encheu-me de alegria. Não esperava outra coisa de ti. O meu coração não se enganava a teu respeito, mas eu tinha de me certificar do tipo de pessoa que és. Precisava de te encostar à parede e numa situação de aflição oferecer uma possível salvação. Sei agora que procedi mal. Mas foi por gostar tanto assim de ti. Apenas queria confirmar que tu não eras uma interesseira. Numa situação destas... nem toda a gente recusava uma vida de fortuna e glória, como tu fizeste. – Isabel agarrou uma das mãos de Ana – Sabes filha, desculpa... por te tratar assim... mas quando recusaste veemente a proposta... adoptei-te no mesmo momento. Para mim já és a minha filha. Aceitas-me como mãe... artificial? Posso continuar a tratar-te assim?
Ana, boquiaberta, nem conseguiu articular uma palavra, aquiesceu apenas com a cabeça.
- Obrigado! – Continuou a Dr.ª Isabel, sem largar a mão de Ana. – O possível problema que arranjaste, foi apenas a mola propulsora para que eu tivesse a certeza daquilo que já desconfiava... tu não és, nem nunca serás uma simples costureira. Fazes o serviço, porque és aplicada, mas não é essa a tua vocação. Adoras o desenho... tens ideias que, à primeira vista podem parecer mirabolantes, mas aplicadas na prática, com ligeiras adaptações até são viáveis e muito belas. Tenho aqui... – Disse abrindo uma gaveta da secretária – alguns dos teus desenhos que espalhavas pelo atelier.
Ana soergueu-se confusa, pegou nos pequenos papéis e confirmou que foram elaborados pela sua mão.
- Como é que a Dr.ª os tem!? – Questionou.
- Porque alguns eram tão bonitos, que até a funcionária da limpeza os guardava. Um dia mostrou-mos e disse-me de quem eram... – disse sorrindo-se. – E por favor... não me chames mais Dr.ª... chama-me Isabel, esquece a Dr.ª, está bem?
- Não sei se consigo, Dout... Isabel! – Disse Ana, sorrindo-se.

.../...

© Guilherme Faria

Posted by: lmc

11 Comentários:

Às 6/12/05 08:50 , Blogger lena disse...

e vou ser a primeira? nem acredito
conseguiste dar bem a volta , os meus parabéns, esta imaginação, a minha claro, previa que a Drª Isabel guardava algo que viesse a estragar o relaccionamento com a Ana, ainda bem que isso não aconteceu
continuo à espera é que o Dr. Jorge se decida, "olha que ainda vou à fábrica dizer-lhe que avance".
não ligues a isto claro, é mesmo para brincar contigo

respeito o teu trabalho e a história está fantástica, prendes-me cada vez mais
ainda faço do teu blog a minha sala de leitura

beijinhos

lena

 
Às 6/12/05 11:44 , Anonymous Anónimo disse...

Bufagato. estou a gostar muito... Tinha de ser... continua que está óptimo! A artista, é a Ana... Beijinhos

 
Às 6/12/05 17:20 , Anonymous Anónimo disse...

Bufagato, e tu ainda querias pôr um termo nesta história? Pois agora é que está a saber-se dos verdadeiros sentimentos (escondidos) da Dr.ª Isabel em relação à Ana. Já estavas a fugir com "o c* à seringa" meu malandro, ou estavas a testar a nossa paciência em continuarmos a ler este romance-lúdico-amoroso. Continua assim como eu a fazer "ponto" aqui, para ver onde isto chega. Tou gostando. Lá imaginação tens-na sem dúvida. Parabéns. Um abraço

 
Às 6/12/05 17:28 , Blogger Unknown disse...

Cá estou eu.
Estás a ver que consegues tornar tudo mais fácil e bonito. Gosto da tua resolução deste imbróglio da adopção. Parabéns e agora falta o outro, não te esqueças. beijoca e obrigada pelas tuas palavras.

 
Às 6/12/05 23:20 , Blogger margusta disse...

Olá amigo,
...Não te ajudei na decisão no post anterior..lol..fiquei de voltar e dar a minha opinião e não voltei...de qualquer modo o Guilherme está a safar-se muito bem...e não sei porquê mas não me surpreendeu, era isso que eu esperava da DrªIsabel...
Agora vamos lá a desenvolver esse final amoroso..temos romance com o Jorge ou não?..
Jinhos muitos.

 
Às 7/12/05 22:38 , Blogger Luís Monteiro da Cunha disse...

palavras que escrevo...

Hahaha... eras capaz de ir, acredito. lol

Lena esta é a tua e nossa sala de leitura.
Obrigada.
Devo-te visitas... mas o tempo é tão pouco... mas irei comentar-te

Bjinho

 
Às 7/12/05 22:39 , Blogger Luís Monteiro da Cunha disse...

Carlota...

Obrigada, YYYYUUUUPPPPHHHHIIII

Hahahaha

Linda.

bjinhos

 
Às 7/12/05 22:41 , Blogger Luís Monteiro da Cunha disse...

Maria papoila...

Ainda bem, porque a decisão (minha) está tomada e como vês
já conciliei o que queria...


Bjinhos

 
Às 7/12/05 22:42 , Blogger Luís Monteiro da Cunha disse...

Soslayo...

Sempre certeiro....malandreco!

obrigado, também gosto de te ler.


Abraço

 
Às 7/12/05 22:48 , Blogger Luís Monteiro da Cunha disse...

Sona...

Obrigada amiga...

De nada, são sinceras e sentidas, nada mais.

Beijos

 
Às 9/12/05 10:43 , Blogger Luís Monteiro da Cunha disse...

Margusta...

Obrigado amiga.

A ver vamos.
Aminha decisão está tomada.
Veremos se o caminho será esse que desejas... ou não... quem sabe.lol

Beijos

 

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