08 outubro 2005

Luís Monteiro da Cunha

"A Coima"


Contava já 83 Primaveras.
Tivera uma vida pródiga e farta que agora já pesava no seu pobre esqueleto. Dirigia-se a um jardim acolhedor, com um banco para descansar. Esperava encontrar as suas, poucas agora, irmãs de jornada e assim ajudar a esquecer as suas maleitas. Mas o caminho a cada dia que passa, tem mais uns metros, parece mais longo e mais difícil de calcorrear.
Hoje acordou dorida. As suas costas e pernas, pedem já cada vez mais descanso e medicação. Felizmente tem umas pensões bastante generosas. Fruto do seu labor e perspicácia, enquanto nova. Pode assim dar-se ao luxo de ajudar outras amigas, que não tiveram ou não souberam amealhar essa sorte.
Por fim, apesar das dores nas costas, vislumbra já duas amigas sentadas que a aguardam ansiosas e lhe acenam alegres do outro lado da rua, no belo e cuidado jardim ali existente.
Tenta arrastar-se nos poucos metros que as separa, tem ainda de atravessar na passadeira a rua que é sempre movimentada.
“Ai esta gente, sempre com pressa” pensa. Por fim, abre o sinal que lhe indica que pode atravessar em segurança. Começa a travessia. Como lhe doem os ossos. Tem de parar para ganhar fôlego e ânimo. Os condutores, de imediato brindam-na com uma sinfonia de buzinas. Não os ouve, apenas escuta as reclamações de seu corpo cada vez mais dorido, por tão grande esforço. Nesse momento oferecem-lhe ajuda providencial para percorrer os poucos metros que a separam do outro lado da via.
Ali chegada, ouve a voz do samaritano, que lhe solicita autoritariamente a identificação. Repara agora… era um agente da polícia da sua cidade. Aliviada, tentou sorrir e identificou-se. Este, escrevinhou rapidamente o necessário e informou-a de que estava autuada por atravessar devagar demais a via pública, causando embaraço na fluidez do trânsito pelo que terá de pagar uma coima de 20 €. Imediatamente abandonou a idosa, sem escutar qualquer justificação. Esta ficou lívida.
Rodeada e confortada pelas amigas que tudo presenciaram, decidiram não pagar. Que fosse para tribunal. Aí se decidiria a questão.

No entretanto, viu ser-lhe anulada a sanção pela Polícia. Segundo amigos, esta não sabia se deveria rir ou chorar, perante o absurdo em relação à atitude do polícia que não atendeu à idade da senhora na lentidão para atravessar a rua.

A protagonista desta crónica chama-se Pat Gallenn, tem 83 anos de idade e passou-se na cidade de Malanda, Estado de Queennland, na Austrália.

História desenvolvida por: Bufagato
A partir da notícia publicada hoje, Sábado, 8 de Outubro de 2005, in:
Jornal de Notícias

Bom Domingo, caros amigos e amigas,

lmc

5 Comentários:

Às 8/10/05 22:19 , Blogger margusta disse...

Que bem que desenvolves-te a noticia.
Olha eu tambem fiquei sem saber se chorar ou rir...ele há cada uma!!!!!!!
Beijinhos.

 
Às 8/10/05 23:30 , Anonymous Anónimo disse...

Esta é, para mim, uma história triste. A indiferença das pessoas, umas pelas outras, (principalmente por quem é indefeso ou vulnerável), é cada vez maior, criando situações bizarras e inexplicáveis como esta;

 
Às 8/10/05 23:31 , Anonymous Anónimo disse...

Tá calado que se a coisa sabe, cá em que tudo é levado ao extremo da idiotice ainda somos multados quando atravessar-mos nas passadeiras. Bom Domingo!

 
Às 9/10/05 05:54 , Blogger Mercury disse...

Olá Bufagato.

meu português é mau.eu não compreendo.mas eu aprenderei mais.

obrigado!

Mercury

 
Às 9/10/05 19:13 , Blogger V disse...

Sem palavras...

Beijo grande e um bela semana .

 

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