A comida da vizinha
Lembro como se fosse hoje. Quando criança, sentia um aroma no ar e lá ia eu. Pé ante pé, de mansinho, como quem não quer a coisa e entrava pela cozinha da minha senhoria. Lavradeira abastada, a cozinha dela tinha coisas que me fascinavam. Era a "masseira" onde amassava o pão; era o forno; os chouriços e salpicões pendurados do tecto. E os presuntos? Hum, que delicia, que regalo para os olhos. Sim só para os olhos, porque a velha tinha pêlo na venta e bigode maior que o do meu pai e era avarenta até dizer chega. Mas continuando, o que me chamava lá, era a comida dela. Melhor dizendo, os fritos. Deixavam um aroma no ar aqueles fritos na lareira, que eu podia até já ter jantado, tinha de lá ir e invariávelmente, provar. Sim porque a velha, não dava nada a ninguém, mas a mim, não sei porquê, deve ter engraçado comigo, nunca me deixava vir embora sem provar o cozinhado.
O mais curioso e que deixava a minha mãe fula, era o facto da sovina cozinhar sem óleos ou azeites, eram caros, usava o "pingue" ( banha de porco), mas que fazer se eu adorava. Não sei se era porque tinham sabores diferentes, outras maneiras de cozinhar ou apenas por ser cozinhado ao fogo da lareira.
Como diz o ditado: " A comida da vizinha é sempre melhor que a nossa "
Deus a tenha em paz.
Como diz o Castor, "Rôda-se, outra vez a velha..." Hahaha
Bom Domingo e belas comesainas.
lmc
8 Comentários:
Falaste no animal, aqui o tens! é a chamada honra entre os animais e também aquela estranha sensação de que há qualquer coisa no ar e que nos impele para certo sítio... Rôda-se! Ah!.. o teu texto fez-me lembrar aquele diálogo entre filho e mãe: Mãe, mãe! Pão com queijo é tão bom!!! Porquê, filho, já comeste? Não, mãe, mas vi comer!.. e agora vou fritar umas pataniscas de bacalhau... queres uma?
Memórias que dá água na boca, gostei muito.
Lembra minha infancia acordava com meu pai a ir para o curral para tomar café, na casa da minha tia, chegava lá com as canelas encharcadas de orvalho só para tomar um chicara de café e voltava para casa, feliz da vida.
Um sabor especial.
Beijinho e bom domingo.
Ai,credo, abriste-me o apetite com essa conversa... Até chegou aqui o cheiro. :)
Hmmm... comidinha boa, essa da nossa infância! :))
Beijos
Gostei de te ler...
Bom Domingo também para ti!
Fica bem...
Não me fales em comida...desde que deixei de fumar, eu é que pareço um bufagato; Que culpa tenho eu? Um fala em fritos, o outro fala em pataniscas; já venho, vou fazer uma salada (estou farta de saladas!!!)PIU! P.S. - Sabes que me lembro muito bem do cheiro da cozinha da minha avó? Sempre que vejo folares de carne, lembro-me das férias na casa dela, em Bragança, e do cheiro das carnes, dos ovos e do pão de lenha.
hello Bufa
...que saudades... seu guloso!
mas
a verdade
é que quando morava em Lisboa,
a minha Mami
também ficava furiosa comigo,
porque eu adorava
a comidinha de uma senhora muito simpática
que era nossa vizinha.
também eu sinto saudades.
beijux létinha.
nice blog!
met your blog by accident.
wish you happy!
Também tenho algumas recordações dessas. E nem que se repitam já não são a mesma coisa. A nossa recordação moldou aquilo duma maneira...
Havia uma senhora da minha aldeia cujos cozinhados provocavam essa reacção em todos os vizinhos. Contava-se até que um deles que era muito pobre comia uma broa ao cheiro dos seus cozinhados.
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