23 março 2006

Luís Monteiro da Cunha

Posse...

Lentamente banho os pés
na areia beijada de salinidade
sinto percorrer-me o corpo
uma sensação prazenteira
que me preenche de maresia
escuto os breves mas persistentes sussurros
com que adormeces os meus anseios
deixo-me embalar nesse canto perene e melodioso
Por momentos esqueço-me do mundo
das nuvens e das aves que volteiam
das rochas que me ferem
da areia que me acoita
e sós ficamos,
eu e tu
numa dança consentida
de abraço e fugida
de retorno e recuo…
tu não és só meu
porque eu não te possuo
mas tu
possuis-me a mim!

Não é justo!



© Luís Monteiro da Cunha

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