Preciso do Sol e da Maresia...
As bátegas não me dão descanso. Chamam-me da janela, mas disfarço.
As nuvens escurecem o firmamento, transmitem a nostalgia do tempo próprio da estação que decorre. Sei que a chuva é fundamental, mas...
O meu bem-estar físico e emocional, sofre com isso.
A minha sensibilidade é afectada pela luz que recebo diariamente. E não vale a pena acender todas as lâmpadas da casa, colocar uma comédia no dvd, ou outro artefacto que me alegre. Esse bem-estar é sempre passageiro e termina sempre que carrego no OFF.
É mesmo da luz do sol que necessito.
Terei eu, algum processador de foto-sintese como as plantas, as quais crescem e florescem conforme o estado de tempo e das horas de luz solar que recebem diariamente? Também estas são muitas vezes enganadas pela soma dessa conjugação de factores e por isso florescem demasiado cedo, condenando-se ao fracasso precoce, apesar de tentarem mesmo assim frutificar e concluir a sua função gravada no seu código genético: continuar o ciclo da vida, criando a sua descendência. Vã tentativa esta, os frutos acabam por mirrar, por causa do frio, que acaba por regressar, ou queimados pelas geadas que ainda não nos visitaram.
Vã e inglória luta esta.
A mãe natureza adulterou o normal ciclo de germinação das coisas e esqueceu-se de avisar as partes interessadas! Que são todas as coisas vivas à face da terra. Porque das coisas vivas que existem sob o caudal líquido... ainda não existem dados suficientes que demonstrem se também estas sofrem destes efeitos precoces e nefastos.
Nesta nostalgia... continuo a pensar em ti mãe natureza.
Porque tu estás tão diferente! Qual a causa dessa mudança? Fará, essa mudança, parte da tua evolução... e nós seres vivos e pensantes, continuamos estagnados e tão alheados de ti que não actualizamos o nosso código genético, para te conseguir acompanhar? Onde fazer a actualização? De onde poderei fazer a actualização do meu sistema genético, se nada nem ninguém fala no assunto, nem tu, Mãe, dás qualquer pista!...
Continuam todos, como eu, a gozar a seu bel-prazer o facto de estarmos vivos, apesar da decadência oculta... ser já visível a olho nu e nada fazemos para combater a situação.
Pensando maduramente...
Chego a uma simples conclusão.
Nesta divagação, e por inércia, dado que continuo sentado, não aproveito para te melhorar o código. Estou continuamente a agredir-te e nada faço. Banalizo actos que te são tão prejudiciais… como o facto de me fazer transportar no automóvel até ao parque mais próximo para fazer o percurso de manutenção sabático ou dominical, apenas para me mostrar aos outros, tentando com isto demonstrar que sou amigo da Mãe e cuido do meu corpo, mas… tu sabes bem que te desprezo na minha vida, na qual apenas valorizo o conforto pessoal e dos meus, nem que para isso tenha de te assassinar diariamente, apesar de te amar esporadicamente e deliciar-me na beleza de tudo que nos ofereces.
Afinal, cheguei a mais uma conclusão:
Será que se conseguirmos pensar um pouco mais em ti e menos apenas em nós e no nosso bem-estar, conseguiremos reverter a tua saúde, (e a nossa)... e ao mesmo tempo actualizar o nosso valioso código, que provavelmente actualizar-se-á como por simpatia e porque interagimos contigo e nos fazes essa dádiva?
Será esta uma solução?... Ou a única?
Até já, Mãe... Beijinho!…
© Guilherme Faria 2006-01-15
Posted by: lmc
15 Comentários:
Para a mãe suprema de todas as coisas visiveis, numa manhã nostálgica e chuvosa...
Boa semana para todos
Olá Bufagato, depois de ler com cuidado o teu texto que tanto mas tanto me diz, vou para o meu "Jardim Suspenso" de botas e impermeável apanhar chuva! O Sol, brilha para além das nuvens, por isso é dia. Não se se ainda vamos a tempo, mas temos de prosseguir nessa cruzada, que condicionará a vida de nossa Mãe Natureza, e da nossa espécie. Beijo
só consigo dizer que te compreendo,
não consigo estar sem sentir o mar por perto e esse sol que quero todos os dias quando acordo.
tanta falta me faz o cheiro a maresia, mesmo em dias de chuva caminho pela praia, cheia de frio e completamente molhada, ou sento-me numa rocha para o sentir perto de mim
beijinhos
lena
Está muito bonito.
Identifiquei-me bastante com as tuas palavras...
Fica bem...
Olá bufagato,
Acho que todos nós nos sentimos assim no inverno, eu sinto!
Estou mortinha que chegue o verão, a luz do sol faz-nos tão bem...
Até lá temos mesmo que viver com o que a mae natureza nos ofereçe...
Tem uma linda semana
:)
beijinhuu
Revejo-me totalmente no teu texto! Eu, pecadora me confesso. Sei que a chuva, o frio, o vento, o Inverno faz muita falta à nossa Mãe Terra, mas suspiro pelo Verão...com esta praia à minha frente, agora vazia até das gaivotas...
Decididamente sou, física e emocialmente, uma mulher de Verão que se enrosca com o frio e fica nostálgica com a chuva...
Bufagato, adoro aquele miau branquinho que caminha sem cessar no canto do teu blogue.
É claro que este texto me tocou. Mas o sol de inverno é muito mais gostoso que o do verão e então o cheiro a maresia...é bom em qualquer época, porque é único.
Beijinhos
Um gato ecológico. Bravo. Gostei mto do texto. Abraços
Olá Amigo Bufagato,
E eu que hoje ao acordar, e ao abrir a janela,não via um palmo à frente do nariz, devido ao intenso nevoeiro, concordo inteiramente contigo.
Gosto de Sol, de calor e do cheiro a maresia,acho que não conseguiria viver longe do mar,mas enfim...estamos no inverno, e é a altura dos frios e chuvas, o verão está quase a chegar...já não falta tudo... ;)
Um abraço e uma boa semana para ti
Olá amigo Luis,
...adorei ler-te nesta quase homenagem á mãe natureza.
Focas-te um assunto muito importante , gostamos tanto da natureza e todos os dias contribuimos para a sua destruição, maltratando-a nos nossos pequenos actos diários,deste o exemplo de como simples facto de metermos a chave na ignição do carro já é um atentado para o meio ambiente.
A destruição da camada do ozono de que tanto se fala hoje é uma das grandes ameaças ao nosso planeta.
De resto consegui sentir toda essa nostalgia de uma tarde de Domingo chuvosa...imaginei-te á janela a ver a chuva lá fora ...a tua inquietude...
Como tu senti a falta do sol...dos seus raios de luz, a maresia essa vem sempre até mim...mesmo num dia chuvoso.
Beijinhos amigo e um bom ínicio de semana.
Olá Luís,
Arranjaste-me a bonita!!!
Ler as coisas que tens "postadas". Mas como são gostosas, não tem custado nada.
Tens de aparecer lá por Vermoim ou/e por S. Mamede Infesta.
Também a Maria Mamede gostou dos teus blogs.
Eu ainda tenho a aprender muito contigo.
Um abração.
gostei de ler...muito...
tb necessito do sol e maresia
jocas maradas de mar
Ao ler o título do post pensei: "somos dois!" Não adivinhava, porém, a profundidade do texto que me esperava. Posso dizer-te que me revejo em muito do que li e concordo que, muitas vezes, não respeitamos a Mãe natureza e o nosso planeta, nem mesmo o nosso bioritmo natural ... mesmo sem o fazermos deliberadamente! Obrigada por nos dares a ler um texto tão bem escrito, profundo e ... que termina de um modo ternurento, na esperança de alguma mudança positiva - "Até já, Mãe... Beijinho!… "
Para ti, uma boa semana e um beijo.
Não, não e não!
Não me digas mal do frio!
Adoro o frio, estar na cama bem agasalhado pelos cobertores e mantas e mais não sei quê (eh eh).
Adoro o Inverno!
A chuva, o vento, tudo isso...desde que abrigado, claro!
E detesto o calor!
Com altas temperaturas, pode tirar-se a roupa toda mas...já não convém tirar a pele!
Com temperauras baixas, há sempre mais um agasalho que podemos suportar e nos conforta.
Obrigado pela visita.
Vai aparecendo que a minha clientela anda muito arredia.
Abraço
É Luis, tenho saudades também do solinho, do mar, dos passeios ao final de dia.
Mas sabes, também gosto do inverno (apesar de agora já estar farta): gosto de andar à chuva, chapinhar nas poças com umas botas bem grossas, apanhar o vento na cara, sentar-me à lareira num dia de inverno a ouvir a chuva lá fora.
Claro, tens toda a razão na tua preocupação com as alterações climáticas... notam-se cada vez mais as consequências da acção humana, da nefasta acção que exercemos no nosso ambiente.
Bonita homenagem à Mãe... natureza
Beijinho grande,
S
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