01 março 2006

Ensurdecido!



Tentei!
E como eu tentei…
Escutar-te no silêncio
Da nossa sinfonia!
Mas os graves
Eram agudos
Os agudos
Eram esdrúxulos
Os pífaros
Feriam-me os olhos
Inundados de violetas,
Azuis
Como castanho-esverdeado,
(Que são,)
Extravasaram
De neve…
Negra!
Numa percussão exigente
Persistente
Ritmada e abrangente!
Ensurdeci
De ti
Para ti!
Esfumaram-se
Os espelhos de minh’alma
Os céus; as nuvens multicoloridas
O sol; as estrelas; os ventos.
Foram-se!
Partiram!
Eu fiquei!

Já te ouço, …
No teu surdo gemer
Vejo-te, soçobrada
Sem que me possas
Contudo, rever...


© Luís Monteiro da Cunha

6 comentários:

  1. Anónimo2/3/06 08:56

    O meu olhar é nítido como um girassol.
    Tenho o costume de andar pelas estradas
    Olhando para a direita e para a esquerda,
    E de, vez em quando olhando para trás...
    E o que vejo a cada momento
    É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
    E eu sei dar por isso muito bem...
    Sei ter o pasmo essencial
    Que tem uma criança se, ao nascer,
    Reparasse que nascera deveras...
    Sinto-me nascido a cada momento
    Para a eterna novidade do Mundo...
    Creio no mundo como num malmequer,
    Porque o vejo. Mas não penso nele
    Porque pensar é não compreender ...

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  2. Já gastaram tudo, o tempo e as palavras..
    é tempo de te fazeres à estrada...
    Bjinhos,

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  3. Olá Luis

    O que eu li - senti - ouvi!

    Foi uma verdadeira sinfonia... um ressoar de uma melodia , embora triste - mas bela - profunda.

    Beijinhos

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  4. "Esfumaram-se
    Os espelhos da minh`alma
    Os céus; as nuvens multicoloridas
    O sol; as estrelas; os ventos.
    Foram-se!
    Partiram!

    Já te ouço..."

    Obrigada Luís pelo miminho que me deixas-te.
    Beijinhos para ti!

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  5. Anónimo3/3/06 09:55

    Concordo com o alex. Quando escreves de rajada, sai esta maravilha. Um abraço.

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  6. tentei
    na noite
    aveludada
    numa perda de memória,
    deitar fora
    a agonia
    de uma solidão
    de ais e desejos
    movimentados,
    entre dois corpos
    estendidos na areia
    o coração batia
    aceleradamente,
    por se sentir
    solto na noite
    na pele
    misturou-se o frio
    da madrugada
    onde o tempo
    é infindável
    mas imagens
    refletidas,
    de palavras enlouquecidas,
    no ínicio o mar,
    como um sopro
    suave da noite
    sem dores,
    esvaziei-me do nada
    na poeira dos sonhos
    longe do mundo
    sem me mexer
    num desfilar
    de imagens
    onde os corpos
    se perderam
    e descobri
    outro rosto,
    loucuras
    que caminhavam em medos
    em lixos mágicos
    de memória
    onde a vida
    deu mil voltas
    sem se querer
    reconhecer
    e fugiu em direcções
    imensas
    separando-se
    sempre ao amanhecer...

    beijinhos meus poeta que me delicia com a tua poesia

    lena

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