03 março 2006

Da Criação…




Estupidez absoluta
A argúcia não é o seu forte
Dizem-se Criadores
Quais Deuses, que do pó constroem palácios
Das maresias, tempestades tumultuosas
De sonhos, fazem vocábulos
Por suas certezas, criam definições, indefinidas
Porque sempre existe a retórica
E esta é metódica

Como se podem arvorar a tanto
Se nada Criam de novo
Senão a aglutinação de contextos

Simples cozinheiros aprendizes
Com esperança de pasteleiros
Com as mãos, distorcem, amassam
(Sem que moam os grãos até à infinitésima parte do finito)
Não discorrem o sumo e a seiva
Cada dor, abstracção, pensamento, ou simples lamento
De amor alegre e benfazejo, a permuta num beijo
Gizar pleno e constante, permutável e persistente
De cada desejo que fortemente bate no peito

Que dizes

Quem Cria o quê afinal
Se tudo o que estudas e se conhece
Está já inventado desde que o mundo é mundo

Que pena
Mas, não sei criar
Nem sou cozinheiro ou pasteleiro
Talvez
Mal cozinhado
A queimar
Que cheiro


© Luís Monteiro da Cunha

5 comentários:

  1. Anónimo3/3/06 09:52

    BUFAGATO, Bonita a tua revolução da farinha ou do padeiro e/ou cozinheiro, é que tudo foi inventado apenas há que dar continuidade. Um abraço.

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  2. Criação que tantas palavras deixa brotar, umas afirmando, outras duvidando… Que pena não sabermos que sabemos criar!... Tudo está já inventado, a um outro nível de consciência, até um simples pensamento já não é o primeiro pensamento.
    O teu post é incisivo, é um grito ecoando vale abaixo, sem um bilhete de volta…

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  3. Anónimo3/3/06 14:33

    ... poesia bonita, Luís... quanta introspecção, sobre a criação!!!... Gostei de ler... insiste!!!... Abraço amigo, do Sherpas!!!...

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  4. Anónimo3/3/06 20:32

    Gostei muito desta tua Criação com raiva, e com cheiro a esturricado. Gostei muito da nuvem de palavras que criaste neta tua criação! Beijo

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  5. um grito!

    já não há definição para a criação

    já tudo foi criado

    há a continuação...


    beijinhos meus

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