07 janeiro 2006

O ocaso do acaso



Pela segunda vez, fizeram amor!
Os olhos brilhantes e o espírito ausente, prenunciavam sentimentos idílicos, para quem quisesse reparar… mas ninguém reparava.
Apenas viam que andava mais bem disposto que o costume.
De tudo gracejava, motivava quem lhe dirigia a fala, num arrebatamento tal, que a todos encantava. Ficavam horas a escutar a sua sapiência… debatendo animadamente o mais pequeno assunto. Calavam-se, perante tão grande eloquência. Via-se que estava feliz, como peixe na água renovada do seu aquário.
Por fim, despediu-se.
A noite galgava já a madrugada e sabia que alguém o esperava…
A lembrança da noite passada, aflorou-lhe um sorriso nos lábios e teve o condão de animar ainda mais os seus olhos brilhantes.
O enlevo fez reviver a dança etérea onde rodopiaram como seres alados, sem essência corporal.
Apenas os olhos tinham vida própria como faróis da noite numa atracção mútua. Nessa dança elevada ao cosmos, quais seres feitos de luz, acabaram por de novo se fundirem. A fusão doce e constante deu lugar ao clarão do universo… todas as coisas se movimentavam num corrupio de matéria. Nesse instante sublime, formaram o buraco negro do amor. O centro da vida que de novo renascia e tudo sugava. Todos os canais de sentimentos despertos, atraíram sobre si as mais belas sensações, eram o centro do mundo … indescritível o momento.
Não foram ainda inventadas as palavras, de tão profanas, para tal descrição.

Olhos nos olhos, era latente o encantamento sedutor.
Entre eles, como acordo tácito, as palavras eram supérfluas, pelo menos naqueles momentos fugazes, escondidos e esquecidos do mundo.
Tentou aflorar o amor conjuntamente vivido, revivendo-os na sua alma, mas de pronto foi coarctado pela sua voz serena, pedindo-lhe para a poupar dos pormenores desse sonho que viveram.
Pertencia ao passado.
Vamos viver apenas o presente, enquanto o temos… pediu-lhe.

As palavras ecoaram e habitaram a sua mente, durante os minutos que permaneceram juntos… e mesmo no resto da noite!
Não consumaram o amor pela terceira vez…


© Guilherme Faria
In: O ocaso do acaso 2006-01

Posted by: lmc

33 comentários:

  1. No ocaso de sentimentos, nem sempre a sintonia é premente...

    Bom fim de semana!

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  2. Anónimo7/1/06 17:04

    Que, não só por acaso...gostei;)
    Bom fim de semana

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  3. Olá Bufagato,
    Pensei k já tivesse vindo aqui te dar o meu novo endereço, mas vejo que não :(.
    Peço desculpa, pois dei a todas as minhas amizades da blogosfera.

    http://omundodacris.blogspot.com/

    Tem um lindo fim de semana! E gostei muito do texto.
    Beijinhuu

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  4. Anónimo7/1/06 22:34

    Olá.
    Tudo bem, espero que sim.
    Linda imagem.
    Passa na minha página e dá uma vista no tema (Cantinho dos Poetas)
    Um bom fim de semana.
    Um abraço de amil

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  5. Olá Guilherme

    "Palavras" que deslizam em cetim.. na [in]quietude dos sentires...

    Beijinhos

    Bfs

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  6. Olá amigo Bufagato,
    ...a imagem é Linda...
    E o amor de que falas é de uma pureza sublime...

    Beijinhos e um excelente Domingo para ti.

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  7. Gostei deste texto :)

    Beijinho e BFS :)

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  8. Gostei imenso do texto que nos dás aqui a ler, bem como da ilustração do mesmo! Acho que os momentos de comunhão no amor estão descritos de um modo sublime. Gosto também da frase "Entre eles, como acordo tácito, as palavras eram supérfluas, pelo menos naqueles momentos fugazes, escondidos e esquecidos do mundo." Concordo plenamente que em momentos sublimes assim as palavras são redundantes!

    Um beijo e bom domingo

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  9. Gosto da forma como tratas os sentimentos... é muito tocante...
    Escreves muito bem também! Gosto de te ler!
    Bjs e óptimo domingo cheio de sol!

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  10. Olá Amigo,
    simplesmente sublime este teu texto.
    Lindissimo!!!!
    um bom domingo para ti amigo
    abraços
    :)

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  11. gostei de ler " o caso do caso"
    o texto é intenso, senti uma união de amor, onde há momento em que as palavras não são necesárias, basta a entrega, o envolvimento poderoso do amor

    o depois virá


    parábens pelo que partilhas e que me deixa sempre sensível

    beijinhos meus e bom domingo

    lena

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  12. Anónimo8/1/06 18:49

    A imagem é lindíssima a que se sobrepóe o cálice do Graal do Amor! Belíssimo este teu poema de amor intemporal e total! PARABÉNS! Beijo

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  13. Anónimo8/1/06 18:53

    É prosa mas de tal modo bela que lhe chamei poema. Posso mesmo chamar-lhe hino! Beijo

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  14. aflores...

    Obrigado, ainda bem que gostas

    Boa semana

    Abraço

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  15. cris...

    Já está actualizado o teu link.
    Não mudaste apenas o endereço... também mudaste o nik

    Bjinho

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  16. amil...

    Olá padrinho.
    Já cusquei... está fabuloso, sempre a inovar. Parabéns.

    Boa semana

    Abraço

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  17. betty branco martins...

    Também os teus sentires deslizam na seda da imaginação...

    Boa semana

    Bjinho

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  18. lazuli...

    Obrigada cara amiga...
    como te compreendo... nem sempre, perante o que nos é transmitido, sabemos o que dizer.

    Bjinho

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  19. margusta...

    penso ser o retrato quase fiel do amor sublimado ao extase do momento... sem palavras ou imagens mundanas... porque extravasa o sentir humano e por isso sem palavras descritivas...

    Boa semana

    Beijinhos

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  20. nina...

    Obrigada, pela visita e comentário.

    Boa semana, bjinho

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  21. pink...

    Retens na perfeição o sentir do sublime...

    Obrigada pela visita e comentário

    Boa semana

    Bjinho

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  22. dad...

    Não é fácil retratar de forma subtil mas objectiva os sentires da alma do ser humano... e quando esses sentires extravasam o sentir mundano... mais dificil é explanar em palavras, que como se lê:
    "Não foram ainda inventadas as palavras, de tão profanas, para tal descrição."

    Boa semana

    Bjinho

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  23. a.carlos...

    Obrigado caro amigo...

    Sei que te revês em parte, neste texto e descrição...

    Estarei enganado?

    Tudo de bom para vós.

    Boa semana

    Abraço

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  24. Lena...

    É o ocaso do acaso...
    Ou seja prenuncio de um anoitecer do acaso quotidiano.

    Fico feliz por o viveres tão intensamente e ter sido tão perceptivel no teu sentir...
    Palavras para quê?
    Dizes tudo!

    Boa semana

    Bjinhos

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  25. maria papoila... X2...lol

    Obrigada cara amiga, pela imagem que descreves de um momento apenas, apesar de intemporal, a que na tua beleza de sentimentos apelidas de poema...
    Sim... poderia, ser(á) um hino daquele momento mágico e dificil de descrever, por etéreo, da plenitude dos amantes...

    Bjinhos

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  26. Anónimo9/1/06 00:08

    Lindo o texto. Momentos belos de felicidade não devem ser perturbados com recordações menos boas.Mais vale viver o presente desde que seja essa a falicidade...Boa semana.

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  27. ....

    No ocaso do acaso...

    Por acaso, gostei...

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  28. Olá amigo belo texto amor sentimentos :) infelizmente hoje tão em desuso. Alvíceras para os amantes. Beijinhos amigo

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  29. arte por um canudo2...

    Obrigado caro amigo, tens razão...
    Para quê desperdiçar palavras, quando o que interessa é o momento presente.

    Abraço

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  30. piedade araujo sol...

    Obrigada cara amiga...

    Como é bom saber que gostaste deste simples momento romântico.

    Bjinhos

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  31. Adryka...

    Obrigada, cara amiga...
    O amor nunca está em desuso...
    Estamos sempre a reinventá-lo

    Bjinho

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  32. menina graça...

    Sejas bem vinda...

    Também aqui terás sempre as portas abertas.

    Obrigada pela visita.

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  33. Atrasado mas não esquecido.
    Belo post, parabéns.
    Como não podia deixar de ser, estás no Plagiadíssimo.

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